Por Rita de Sousa
Já passamos da questão de consciência, ou falta dela, nos animais. Sabemos, com toda tranquilidade, de sua inteligência, sentimentos, companheirismo, empatia. Convivemos com eles, os adotamos e aceitamos sua presença em nossas vidas, como membros da família.
Cães são treinados para desvendar crimes, cavalos para tratamento de autismo, gatos e outros bichinhos para tratamentos de doenças em hospitais pelo mundo, tudo com sua eficiência comprovada pela ciência. Agora, mais uma ótima notícia dos nossos companheiros: macaquinhos-capuchinhos estão ajudando pessoas com deficiência de mobilidade em muitas tarefas do dia-a-dia que elas não conseguem realizar.
Equivalem, de alguma forma, aos cães-guias para cegos. Não são pequenos animais escravizados. O treinamento é gradual e leva anos para ser concluído, os macaquinhos vivem em instalações amplas e confortáveis, tendo liberdade de movimentos em amplos espaços, são bem tratados, com alimentação de primeira e cuidados veterinários, e gozam, para cada período de “trabalho”, de longos períodos de descanso.
A escolinha fica em Boston, no Estado norte-americano de Massachusetts, mantida pela organização humanitária Helping Hands, e vem demonstrando sucesso. Os macaquinhos ajudam em tarefas domésticas, como remoção de lixo, e pequenas mas indispensáveis ações como pegar o telefone, ligar o microondas e ajudar na alimentação — até comida na boca eles dão, direitinho –, além de se mostrarem importantes companheiros para pessoas paraplégicas e tetraplégicas.
Com suas mãozinhas magras e peludas de dedinhos finos, os macaquinhos têm enorme habilidade – inclusive para coçar a cabeça de seus companheiros necessitados.
Escola de macaco
A faculdade de macaco dirigida pela Helping Hands treina os macaquinhos para serem parceiros de vida para pessoas paralisadas – com grande sucesso. Os bichinhos proporcionam independência e o dom da alegria e companheirismo para os destinatários, além de serem extremamente carinhosos e amorosos.
A escola pode ser definida como uma “mistura de pré-escola e jardim zoológico”. Atualmente, são treinados 180 macacos, 50 deles na sede em Boston, um centro de três andares, onde eles se familiarizam com interruptores de luz, gavetas, garrafas e CD players.
Palavras de ordem curtas e fáceis de assimilar são usadas para os 30 comandos principais, como ”pegue”, para recuperar um objeto, e “lixo”, para jogar algo fora. “Fechado” pode significar o macaco deve fechar a porta da geladeira, enquanto “aberto” alcançaria o oposto. E a recompensa agrada muito: manteiga de amendoim e chantilly spray.
E lá não é só trabalho não. Os macaquinhos têm sua hora de brincar e o banho é uma das grandes diversões. A formação de um parceiro de vida leva de 2 a 4 anos, no colégio, depois de uma temporada em que o animal passou se acostumando ao convívio de uma família na fase do acolhimento.
Os macacos não podem substituir um cuidador em tempo integral, mas aliviam tanto a dor, a solidão de estar sozinho em casa e também auxiliam nas pequenas coisas do dia a dia, além de não fazer caso da deficiência do destinatário
Hoje a Helping Hands só é capaz de fornecer entre seis e oito dos macacos a pessoas paralisadas a cada ano. Para treinar um único macaco, o custo anual ultrapassa R$ 80.000, e, como para os destinatários o serviço é inteiramente gratuito, o processo todo é custeado através de doações.
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