segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Esgrimista gaúcho irá representar o país nas Paralimpíadas de Londres.

/Jovane Guissone é o primeiro esgrimista brasileiro que disputará as Paralimpíadas de Londres. Com o equilíbrio do tronco comprometido, ele compete na categoria B da modalidade florete espada. E mais do que um representante brasileiro fora do país, é exemplo para os companheiros cadeirantes.

- Ele é uma referência nossa dentro do esporte porque o que nós não conseguimos, ele conseguiu – declara o esgrimista paralímpico Maurício Stempniak.
Nascido na periferia de Esteio, em Porto Alegre, Jovane sempre sonhou em vestir a farda do exército. Desde criança, gostava das roupas de quartel e se alegrava ao ver os soldados desfilando nas ruas. Quando surgiu a oportunidade de servir seu país, ele aproveitou. Ao pôr os trajes pela primeira vez, teve uma sensação de pertencimento àquele lugar. Mas, logo, teve que voltar para o interior com os pais, onde trabalhou em um açougue e ainda foi segurança. A partir daí, sua vida mudou tragicamente.
Eu quero ouvir assim: final de combate e Jovane campeão"
Jovane
- Eu estava desempregado quando sofri o assalto, vindo para Porto Alegre. Quando eu e meu amigo percebemos, tentamos fugir na hora. Mas aí tomei um tiro nas costas. Fiquei quatro meses internado entre a vida e a morte porque o projetil perfurou o pulmão, baço, quebrou duas costelas e se alojou na espinha – lembra Jovane.
Após a recuperação, tentou a sorte no basquete, antes de receber um convite. Um vizinho o chamou para conhecer a esgrima e ele se identificou imediatamente.
- Vendi a minha cadeira do basquete, para ficar com o pessoal da esgrima. Até hoje alguns estão chateados comigo porque me 'vendi' para esgrima – brinca o atleta.
Profissional há quatro anos, o atleta já possui 30 medalhas nacionais e cinco internacionais em seu currículo. Jovane já viajou para França, Itália, Canadá, Polônia, Alemanha e Argentina e quer ainda mais.
- Quero trocar muitos passaportes, se Deus quiser – conta.
esgrima cadeira rodas (Foto: Reprodução/TV Globo)O paratleta Jovane Guissone treina com o esgrimista olímpicoJoão Souza (Foto: Reprodução/TV Globo).















Com um metro e noventa e três, Jovane oferece dificuldade até para os próprios profissionais olímpicos no treino. É o caso de João Souza, que participou dos Jogos de Pequim e tem 20 anos de bagagem no esporte.
- Ele tem a mão muito forte, é difícil jogar com ele. Tem que ter precisão de ponta, força, todo um desenvolvimento tático e técnico assim como nos treinos convencionais. O Jovane é um atleta que sabe usar muito o tamanho dele – comenta o competidor.
Para compreender o desempenho de Jovane, é preciso levar em conta sua envergadura. Graças a isso, o atleta leva vantagem contra os adversários, principalmente no que diz respeito ao seu deslocamento de braço e tronco.
Com toda a expectativa envolvida, o esgrimista acredita em mais que uma boa participação nas Paralimpíadas. Ele quer o lugar mais alto do pódio.- O trabalho é predominantemente de braço com movimentação de tronco. Ele tem um e noventa e três de altura e é um cara realmente bem forte. Como ele está entre os maiores do circuito mundial, quanto maior for esse deslocamento, mais vantagem ele tem e vai atingir o oponente em uma distância maior – explica o técnico Eduardo Nunes.
- Eu quero ouvir assim: final de combate e Jovane campeão – finaliza.

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